Confissão!
Eu confesso. Tenho dificuldades com mudanças. Às vezes tenho medo de me lançar e dar de cara com o muro. Tenho dificuldade com términos. Sempre acho que as coisas não vão ter fim. Sempre. Isso não é algo de que me orgulho. Sou movido por falta e desejo. E apesar de me virar em mil, sempre falta algo. Sempre. Faltam lágrimas para chorar. Choro por meio de meus escritos. Choro agora. Gosto de fazer poesias. Por meio delas viajo; transcendo; discorro meu sofrimento; improviso; rimo. Tenho dificuldades em focar. Foco, com certeza não é o meu forte. Começo falando de guerra e termino falando de amor. E por falar neste último, lembro-me dela. Ela que sempre ri das minhas piadas sem graça. Ela, sempre. Fui interrompido. Tenho dificuldades com isso também. Há uma quebra na linha de raciocínio. Fico irritado a ponto de perder a sanidade e pular no pescoço daqueles que me interrompem. Paro, penso, e vejo que não fizeram por querer. E nem vieram para falar comigo. Definitivamente, eu preciso de um lugar silencioso. Não para de chegar pessoas na minha casa. A porta faz barulho ao abrir. Começo a escrever freneticamente. Pareço uma máquina movida a chocolate. Vozes cruzam de um lado para outro. Estou a ponto de explodir. Ou melhor, explodi-los! Sou demasiado egoísta. Às vezes quero o mundo só pra mim. Não seria mentira se eu disser que já voei. A maioria foi em sonhos, confesso. Mas, às vezes voo sem ao menos sair do chão. Essa é a sensação que a arte proporciona. Essa é a vantagem de ser artista. Não vejo mais como melhorar esse texto. Depois de tantas interrupções, perdi o foco. É melhor ficar por aqui.
– Carlos Gomes.